Trecho de Mussa José de Assis, para o Documento Reservado
Não basta lamentar
Claro que foi uma tragédia. A polícia matou uma inocente sem querer. Mas matou. O soldado puxou
o gatilho contra um suspeito, não tinha certeza
quem era. Disparou a arma por covardia. Por que não no pneu do carro? Tinha que ser no peito do passageiro, no caso a garota de Porto Amazonas? Fato isolado? Não, mesmo! No mês passado, aconteceu a mesma coisa em Balsa Nova , poucos quilômetros adiante de onde morreu Rafaeli Ramos Lima, de apenas 21 anos de idade. Fuzilaram, sem mais nem menos, Paulo Mochinski, 50 anos, funcionário público. E ainda sobraram balas para mãe e filha que estavam no carro. Tem sido uma constante ações desastradas da polícia paranaense. Está havendo alguma coisa errada na formação dos agentes da lei, na instrução que vem sendo transmitida à tropa, durante as formações nos pátios dos quartéis. Não seria melhor deixar passar um criminoso a matar um suspeito, um inocente? Só agir “in extremis” em momento de certeza absoluta, em defesa da vida de alguém, policial ou não?
Quem sofreu uma abordagem policial sabe o perigo que corre. É levantar as mãos, abrir as pernas, se esparramar no chão. E rezar, rezar muito. Mais ainda quando se vêem o cano da arma, o gatilho armado, as mãos trêmulas do policial estressado, nervoso, suando. Não falar, continuar rezando em silêncio, que qualquer murmúrio pode ser entendido como “desacato à autoridade” e punido com a prisão. Ou com uma bala na cabeça. O episódio do final de semana, em Porto Amazonas , tem que ser analisado com mais profundidade. Não pode ficar
no “vamos apurar”, “vamos punir”, “lamentamos a tragédia”. Tem de servir de lição para sempre, tem de virar aula em Escola de Polícia, em matéria na Academia do Guatupê.
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